sexta-feira, 14 de agosto de 2009

VOYER




Calcinhas? Jamais. E adoro andar de saia. Quando uma perna se esfrega na outra, sinto-me sexy. Ao andar, as coxas me acariciam. Excitam-me. Olho para todos os homens. Consinto que me desejem, e que a fantasia aflore neles... Imagino um deitar-me no capô de um carro, suspender minha saia, e currar-me com pressa... Blusa? Nunca com decote, mas a fazenda tem de ser fina e firme como seda. Meus seios, médios, em nada caídos, meus mamilos, róseos. Permito que me olhem - beleza deve ser cobiçada. Mas, vamos ao que interessa, e nada de roupa! Você logo saberá o rosto que tenho; a combinação que uso, e tocará a fenda da intimidade. Já ouviu falar em mulher que não gosta de penetração? Então, tenho um vício. No fim, você vai querer estar em minhas fantasias! Aqui é a minha casa. Apartamento... Estive fora e só hoje retornei... Atravessemos a sala. Cuidado com os pincéis e as tintas no chão! Vamos para o quarto. É aonde vou todas as noites, quando não estou no computador. Entro e abro a janela, que é uma grande sacada. O que você vê ao redor? Prédios. De frente para a janela, tiro a roupa, peça por peça. Nua, cubro meu corpo de carícias, olhando-me no espelho, imaginando que alguém se deliciará vendo a minha imagem masturbando-se na minha semelhança. Molho o dedo na saliva e giro-o, lentamente, em torno dos mamilos. Eles estão bem duros... Minha boceta pulsa. Estou molhada. Uma linha leitosa alinhava as pernas. Venero a solidão, e não me preocupo de excitar-me comigo mesma. Sempre o faço. O desejo está me embebedando, meu corpo está arrepiado, já me sinto possuída. Olho - olhe! - para todas as janelas, quero que todos os homens, casados ou não, mulheres, adolescentes, estejam me observando, sentindo o meu cheiro. Enfio dois, três dedos em mim, e os lambo, faço novamente, e passo na flor dos seios. Quanto mais tesão eu tenho, mais ela desabrocha. Deito-me na cama. Abro as pernas... Gosta assim? Brinco com meu clitóris, meu ânus... Ah! Adoro passar os dedos ao redor do ânus... Deixa-me bem louca... No tapete, as centenas de almofadas de linho puro, revestidas com penas de gansos, são suavemente agressivas e tentadoras. Pego uma… Assim, cada vez, imagino uma pessoa diferente olhando-me do prédio vizinho. Uma noite, fantasiei com um adolescente. Ele batia punheta vendo revistas masculinas. Mas quando me viu, jogou a revista longe. Desejando-me, tocou seu pênis com avidez e sussurrou: "Oh, desejo, vou gozar, é pra você essa punheta!". Gozei quando a porra escorria nas mãos dele. Voltei a mim, com a respiração ofegante, e lá estavam as janelas, e eu desmanchada no chão. A imagem do adolescente diluiu-se com as luzes. Confesso que senti, na inveja, um certo tesão...Em seguida, tive a impressão de que uma lanterna apontava em direção a meu quarto, num apartamento com a luz apagada. Estranhei; isso já tinha ocorrido outras vezes, mas agora estava mais nítida... Porém, logo dormi, com tudo aberto, e só acordei no dia seguinte, um pouco resfriada. Mulheres dizem que apesar de vender uma imagem fogosa, no fundo, eu sou solitária e frígida. Bobagem! Elas não sabem de nada. Eu sei como minha libido se manifesta. Meu estímulo para o gozo pode parecer bizarro, mas é o suficiente para que eu o divida com alguém. Relembro uma tarde em que uma garota foi levar-me rendas. Já a conhecia por telefone, encomendava tecidos em sua loja. Era tarde e a lua cheia estava entre as nuvens… Nua, enlouquecida de tesão; libertei o vento para que me acariciasse. Janelas e sacadas, escancaradas. Ouvi o interfone tocar. Esquecera-me que esperava alguém. Coloquei um roupão, passei água gelada no pulso e no rosto para alcançar lucidez. Abri a porta. Surgiu Gabriela. Uma menina charmosa, apesar de pequena, seu corpo era bem proporcionado, cintura fina, coxas duras... Peguei o pacote e agradeci. Perguntou se podia entrar. Eu estava atordoada, a volúpia me queimava por dentro, não conseguia nem disfarçar. Não era um bom momento. Gabriela já estava na sala. Perguntei, então, se queria beber algo. Ela quis uísque. Três pedras de gelo, e copo longo. Usava um vestido decotado. Não pude deixar de notar, seus seios eram mais bonitos que os meus. Devo confessar que senti, na inveja, um certo tesão... Gabriela sentara-se de pernas entreabertas. Misturando o gelo com os dedos, disse-me olhando o traseiro:-Você é muito bonita!Fiquei envaidecida, mas não era dia nem hora para receber elogios. Queria me masturbar, só isso. Já tinha transado com mulher, numa pequena orgia, mas ela parecia querer seduzir-me, aquela pequena garota me queria. Pedi licença, fui até o quarto. Deixei o roupão exibir meu umbigo, toquei meu sexo, e me virei para a janela. Andei de um lado para o outro, não sabia se me masturbaria e voltaria para a sala, ou se... Quando me assustei, o telefone tocou! Uma voz masculina, rouca e sensual, disse ao telefone:- Transe com ela! Eu quero ver. Ver se você é capaz.Antes de falar qualquer coisa, a ligação caiu. Olhei pela janela. Procurei um vulto nos apartamentos. Apesar de fantasiar, todas as noites; que alguém me observava, nunca acreditei que pudesse acontecer de verdade. E há tempos já devia me observar, pois me conhecia bem, percebeu que estava nervosa com a presença de Gabriela. E me desafiou. O ardor da volúpia voltara queimando como ácido. Voltei à sala.Gabriela já tinha bebido seu uísque, e se levantava para ir embora. Disse:- Bom, já vou. Não quero te atrapalhar ..."...Seduza, leve-a para a sala. Estou a postos".- Não, fique mais um pouco. Quer mais um uísque?Não foi difícil convencê-la. Aceitou, sem piscar os olhos. Curiosa, olhei para os prédios ao redor, e não vi ninguém suspeito. Fosse quem fosse; não se deixaria ser visto. Peguei outro copo longo, enchi de gelo e uísque. Chamei a jovem para a sacada. Antes que falasse algo, coloquei o dedo em seus lábios, selando-os. Gabriela aproximou-se, puxou meus cabelos e beijou-me a boca. Desamarrei o roupão, e deixei-o deslizar pelo corpo. As várias janelas dos prédios tornaram-se olhos curiosos. Perguntei se gostava dos meus seios. Não respondeu, mas, pelo olhar, soube que ela os queria mais do que qualquer coisa. Pedi para tirar a roupa. Dançando, requebrando o corpo, sacou o vestido. Não usava calcinha. Gabriela estava nua. Seus seios eram maravilhosos, o mamilo delicado, arrebitado e rosa. Aproximei-me e esfreguei meu púbis no sexo dela, quase sem pêlos. Ela jogou-me uísque nos seios e os lambeu. Perguntei:- Você gosta deles? - Sim. - Morda-os, e se masturbe para mim!Mordeu-me com suavidade. Conduzi as mãos dela até o ventre. Gabriela pareceu-me um pouco tímida, mas o fez. Seu prazer aumentava, à medida que os dedos escorregavam na vagina. Tive a impressão de ter visto luzes de lanternas, vindas de fora, em nossa direção. Encostou-me na grade da sacada. Fiquei de frente para o voyeur, em algum lugar, e o procurava... Acho que gostaria daquela posição. Gabriela roçou seu sexo na minha bunda, subindo e descendo e para os lados. Acariciou meu pubis, agarrou a nuca, sussurrou em meu ouvido e gozou. Senti o ânus encharcado do leite dela. Deitei-me no chão, abri as pernas e disse:- Agora me chupa, quero gozar na sua boca! Gabriela, de quatro, mostrou seu lindo traseiro para as janelas indiscretas, com a cabeça enfiada na minha vagina. Chupava e mordia. Pedi mais suavidade. Ela passou a ponta da língua de cima para baixo, várias vezes; tentou enfiar-me os dedos, não deixei, puxei com força seu cabelo e afoguei-a em mim. Estremeci e, gozando, gritei bem alto. Retorcendo os pés, deixei meu corpo esparramar-se no chão, vendo a lua engordar. Gabriela foi embora. Não me importei. Ela não me interessava. Quando me chupou, gozei ouvindo a voz sensual de um homem. Calada, com as pernas flexionadas e abertas para toda a população de um condomínio, observava as luzes se acenderem nos quadrados de vidro. Tentei encontrar um brilho discreto, ou algo que o valha, e nada. Adormeci aos cuidados da brisa. No dia seguinte, intrigada e muito excitada com o misterioso voyeur, queria saber mais sobre ele, queria que me ligasse. O telefone tocou. -As duas estavam lindas! Eu e Gabriela! Gozei, e abri um champanhe por nós!Reconheci a voz, era o adorável intruso. Disse:- Espera, não desliga!A linha caiu, ou ele desligou. Estava mais dentro da minha casa do que eu imaginava. Como sabia o nome da garota que estivera em casa, se eu mal a conhecia? Teria interceptado meu telefone? Concluí que, talvez, usasse um telescópio profissional. Tive que viajar por três dias para o Nordeste do país. Inquieta, nenhuma paisagem chamava a minha atenção. Tentava desvendar o corpo do homem que fazia de mim seu objeto do desejo. De volta para casa, transtorno. A cozinha estava alagada. Um vazamento ocorreu, enquanto estava fora. Chamei um encanador. Não demorou, a campainha tocou. Antes de entrar, me entregou um envelope. Preocupada em resolver logo aquela situação, nem dei atenção ao papel na minha mão. O encanador surpreendeu-se porque eu estava somente de sutiã e calça jeans. Não me importei, assim ele faria melhor o trabalho. Fui com ele até a cozinha. Abriu o armário, enfiou a cabeça debaixo da pia, enquanto eu abria o envelope e... Surpresa! Com letras datilografadas de uma antiga Olivetti, no bilhete a seguinte mensagem: "Senti saudades... E você, está pronta?" O encanador perguntou-me algo, absorta no que lia, não respondi. Era o voyeur, meu expectador!! Voltei a ler: "... Seduza o encanador, leve-o para a sala. Já estou a postos". Trêmula, deixei o papel no chão. Como, de que maneira, o voyeur sabia de todos meus passos, tão detalhadamente? A garganta secou. Bebi um copo de água, e só de pensar que um homem, que eu não conhecia, estava lá fora, vendo-me através de uma lente, subiu-me um frio à barriga. Deixei as indagações de lado. Puxei o braço do encanador e disse:- Preciso que você me ajude. Vem comigo.Já na sala, ordenei:- Abra as cortinas e a sacada.No mesmo momento, fez o que eu pedi. Quando se virou para mim, eu desabotoava o sutiã. Com dificuldade em tirá-lo, pedi ajuda. Não se intimidou, percebeu a maçã e a serpente em meus olhos, e as abocanhou. Agachei-me e abri o zíper dele. Ansioso, o encanador apertou meus seios. Seu pau estava duro. Molhei-o com a minha saliva. Roçando a língua, conduzi a pica arqueada ao alvo. Meus seios a masturbaram, auxiliados pelas mãos dele. Os mamilos envolviam a glande. Vendo estrelas, meu corpo inteiro vibrou e ouvi um grito. Entre os seios, um rio de esperma. Deslizando a vagina no joelho, gozei. Levantei-me, as pernas ainda estavam bambas, subi o zíper da calça do rapaz, e o mandei de volta para a cozinha. Na sacada da sala, tirei o resto da minha roupa. De olhos fechados, pensava em bocas, olhos, narizes, sobrancelhas, construindo o rosto da cobiça. Masturbei-me e gozei de novo. Nem vi o encanador ir embora.Passei meses submissa às vontades do meu observador, sem saber quem ele era. Minha solidão, invadida. Pela primeira vez, tive prazer com isso. Nunca sabia qual seria a próxima surpresa. A última foi há seis meses, quando um courier entregou-me um convite para um concerto de um trio de cordas. Nem perguntei quem mandara, já sabia. Numa sala intimista, deu-se uma estupenda apresentação. Quando terminou, fui conhecer os músicos. Pelo visto, eles já me esperavam. Convidaram-me para um drinque. Viciada pelo meu amante; fomos para minha casa. Abri as janelas. Abri um vinho. Sentei-me no sofá, em frente à janela, no meio de três homens. Com as taças na mão, brindamos. Aos poucos, foram tirando a roupa do meu corpo. Deitei-me nua, no chão, entre eles. Um beijava-me os seios, outro me chupava a boceta. O terceiro tentou me penetrar, mas só permiti sexo anal. Profanações tomavam conta da minha imaginação. Sentia-me a mesa da Santa Ceia, com três discípulos, famintos e talentosos, saciando a gula em mim. E Deus vendo tudo por uma luneta. Extasiados e satisfeitos, esperávamos a digestão do prazer ceder à preguiça, quando o telefone tocou. Era o meu amante voyeur. Com voz aveludada, disse:- Você estava... Estava magnífica!... Mas eu quero ver penetração vaginal!- Você sabe que eu não faço isso - respondi.Ele insistiu. Tentei persuadi-lo. Disse que se fosse até a minha casa, faria o que me pedia, mas com ele! Ficou mudo. Ameacei:- Se não vier agora, as cortinas e as janelas se fecharão.Não houve pausa, ele respondeu de imediato.- A decisão é sua - disse-me, e desligou o telefone.O silêncio e a ausência de vento ficaram em minha casa. As cortinas, fechadas. Nunca soube quem era ele. Porém, existe um detalhe curioso. Antes de viajar, coincidência ou não, à porta da minha casa, enquanto aguardava o táxi, um homem saiu de um prédio, quando o carro surgiu. Ele se aproximou, abriu a porta para que eu entrasse e colocou minhas malas no bagageiro. Aceitei sua gentileza. Olhou-me fundo nos olhos, fechou a porta, sem bater, e disse, quando o carro já estava em movimento :- ...Adeus, Valeriée!Não sei se imaginação ou não, mas poderia jurar que a voz daquele homem era idêntica à do meu amante voyeur! Passarei o resto da vida sem saber quem me analisava através do microscópio do desejo. E fazia de mim sua cobaia. Hoje, tampouco me importa. Fechou-se um ciclo em minha vida. O importante é que estou de volta ao meu lar, com uma aconchegante almofada entre as pernas. De volta a mim e a minha solidão, entre meus tecidos, sentindo-me muito sexy. Toco meus lábios vaginais, arranho o lençol com meus seios, e imagino um rosto... Pode ser com você que eu fantasie, onde quer que esteja!

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